NETFLIXING: AMANDA KNOX (2016) - CINEMA EM UM PARÁGRAFO



O documentário contemporâneo tem desenvolvido o interessante subgênero do documentário de revisão de julgamentos, para além dos documentários sobre crimes. Como exemplos, podemos citar o excelente O Julgamento de Pamela Smart, original HBO, e a espetacular a série documental da Netflix, Making a Murderer. Depois do sucesso estrondoso da história de Steven Avery, a Netflix acerta em cheio, mais uma vez, com o documentário Amanda Knox, a respeito da jovem estadunidense acusada de assassinato quando fazia intercâmbio em Peruggia, na Itália, em 2007. O filme promove um excelente debate entre os personagens, sem maniqueísmos: são entrevistados os acusados, o promotor responsável pelo caso, jornalistas que cobriram o caso, peritos e advogados de defesa. Ao contrário do que se pode imaginar, o filme não caiu da armadilha de tornar-se uma espécie de episódio de Linha Direta. Com um bom trabalho de pesquisa de arquivo, um roteiro bem elaborado e uma montagem que soube explorar o material disponível, a narrativa debate o papel da imprensa sensacionalista no pré-julgamento de Amanda, o autoritarismo e os erros crassos da polícia e do trabalho forense, os argumentos machistas, misóginos e preconceituosos a respeito d conduta sexual de Amanda Knox como base da acusação. Este filme é um verdadeiro tratado sobre o comportamento da sociedade, que prejulga, condena e destrói a reputação das pessoas com base em prov...ups..em fofocas. Esse tipo de caso acontece mundo inteiro, e parece que ainda não aprendemos a evitar os mesmos erros. Que mais documentários sejam feitos para mostrar ao público o quanto podemos ser cruéis e injustos. Nota 5/5.

Leia a fica técnica aqui.

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