STAR TREK: SEM FRONTEIRAS



Gênero: Ficção Científica
Direção: Justin Lin
Roteiro:  Simon Pegg, 
Elenco: Chris Pine, Zachary Quinto, Karl Urban, Zoë Saldana, Sofia Boutella, Idris Elba, Simon Pegg, John Cho, Anton Yelchin, Adam DiMarco, Ashley Edner, Christian Sloan, Deep Roy, Fiona Vroom, Jake Foy, Jason Matthew Smith, Jodi Haynes, Joe Taslim, Joseph Gatt, , Lydia Wilson, Natalie Moon, Priya Rajaratnam, Rebecca Husain,Thomas Cadrot, 
Produção: Bryan Burk, J.J. Abrams, Roberto Orci
Fotografia: Stephen F. Windon
Montador: Dylan Highsmith, Greg D'Auria, Kelly Matsumoto
Trilha Sonora: Michael Giacchino
Duração: 122 min.
Ano: 2016
País: Estados Unidos
Cor: Colorido
Estreia: 01/09/2016 (Brasil)
Distribuidora: Paramount Pictures Brasil
Estúdio: Bad Robot / Paramount Pictures / Skydance Productions
Classificação: 12 anos

Sinopse: Dando continuidade a sua missão exploratória, a nave Enterprise enfrenta um inimigo poderoso ao participar de uma missão de resgate.


Nota do Razão de Aspecto:


*** a crítica a seguir traz spoilers dos filmes anteriores da franquia, mas não deste ***


Quando J.J.Abrams produziu e dirigiu o reboot da franquia Star Trek em 2009, seu desafio era duplo: conquistar novas gerações de espectadores, e agradar os fãs (bastante ferrenhos, em muitos casos) da série de TV e de filmes da franquia. Abrams já havia feito algo semelhante ao tirar do coma a série Missão Impossível, após seis anos de hiato. Em 2015, Abrams chegaria ao ápice das retomadas, ao dirigir "Star Wars: o despertar da Força". Em todos os casos, ele foi muito bem sucedido nas bilheterias, tentando achar o ponto ideal entre referenciar o passado e introduzir novos elementos.

Em "Star Trek", foi reunido um elenco bastante carismático, que, caretas dos fãs radicais à parte, fez jus à tripulação clássica. Pode-se reclamar de um Spock meio sentimental aqui, de um coreano fazendo o papel de um japonês, de um Bones meio forte demais para o apelido, ou de uma certa dose de caricatura em Checov e Scotty. Mas as interações funcionaram. O maior incômodo dos fãs antigos parece ter sido a "starwarização" dos filmes, com cenas de ação mirabolantes demais e diplomacia espacial e questionamentos éticos de menos.


Captain Han Kirk

Se você foi um desses a se incomodar com a mudança de "pegada" da série, prepara-se para continuar incomodado. Em "Star Trek: sem fronteiras", encontramos a Enterprise no terceiro de seus cinco anos de missão no espaço. O capitão Kirk padece entre um certo tédio (e ele dizer que a vida parece "episódica" é muito bem bolado...) e uma crise de identidade sobre o que fazer da vida. Spock também se encontra dividido entre sua vida na Federação de Planetas e os deveres genéticos com o repovoamento de Novo Vulcano. Uma parada na gigantesca estação Yorktown traz a esperança de renovar as energias.


Esse primeiro ato mais lento, psicológico e com cenas destinadas a reforçar a grandiosidade da estação e a majestade da Enterprise logo dá lugar à ação. Para ajudar Kalara, uma pesquisadora que pede ajuda à Federação para resgatar sua tripulação, Kirk e companhia partem para o centro de uma nebulosa ainda não mapeada. Não é preciso ser gênio para saber que a missão não será tão simples assim, e temos a premissa geral para o filme.

"Sem fronteiras" é dirigido por Justin Lin – cujo currículo como diretor traz, entre outros filmes, quatro episódios da série Velozes e Furiosos – e escrito por Simon Pegg (o engenheiro Scotty na série) e Doug Jung. A influência de seu novo criador: veterano do humor inglês, Pegg escreve fan services, cenas de interação entre os personagens, bem como alívios cômicos, que funcionam, mas as soluções para os desafios da aventura ficam entre o clichê e o ligeiramente inverossímil. Embora tente balancear as ações de todos os integrantes da tripulação, o equilíbrio é pior do que nos outros dois filmes. A parte boa é ver um pouco mais do Dr.McCoy de Karl Urban, relativamente discreto até então. Lin, por sua vez, dirige cenas de ação grandiosas, mas nem sempre tão cativantes assim: há tiros, há correria, mas em alguns momentos tudo meio genérico demais.


Além disso, o roteiro coloca a suspensão da descrença em perigo. É claro que abrimos mão do realismo ao decidir ver um filme sobre uma nave espacial explorando planetas no futuro, mas há que se manter uma mínima verossimilhança baseada na lógica interna do universo criado. "Sem fronteiras" força um pouco a mão nesse ponto, com naves que resistem mais do que o crível, personagens que, de repente, aprendem a pilotar com perícia transportes alienígenas, e uma solução final muito divertida, mas sem pé nem cabeça.


Ao elenco dos outros dois filmes (por onde andará a Doutora Carol Marcus?) juntam-se Idris Elba, escondido durante quase todo o filme pela pesada maquiagem do vilão Krall, e Sofia Boutella (a capanga Gazelle de Kingsman), igualmente irreconhecível no papel de Jaylah, alienígena que se alia a nossos heróis. Krall é um daqueles vilões meio caricatos, mistura de Klingon com vampiro e capeta, que defende o conflito, e não a diplomacia, fortalecem o universo. Honestamente, um desperdício de Elba. Boutella está melhor, capaz de fazer o público torcer por ela.


Michael Giacchino retorna à trilha sonora, como nos dois outros filmes. Corajoso, desde o primeiro filme ele optou por não se escorar no tema antigo da série. Criou uma nova frase, imponente, para guiar as novas trilhas, e salva os acordes mais "clássicos" para créditos finais e/ou uso pontual. Para quem gosta, há uma canção de Rihanna nos créditos.



A fotografia fica a cargo de Stephen F. Windon, parceiro tradicional de Lin. O trabalho é competente ao contrastar a claridade e grandiosidade de Yorktown com a aridez de Altamid, planeta onde se passa parte da ação, e com os interiores escuros e claustrofóbicos da base de Krall.

"Star Trek: sem fronteiras" funciona bem como entretenimento, especialmente se você não tem problemas em aceitar certos excessos do roteiro. É um filme no qual o humor e o visual funcionam, e o arco narrativo de Kirk e de Spock cumpre seu papel. No entanto, é o mais fraco dos três filmes do reboot, e deve deixar nostálgicos – não de uma forma boa – os espectadores mais afetos a abordagem clássica da saga.


PS: não deixa de ser agridoce acompanhar a última interpretação de Anton Yelchin – ator morto prematuramente aos 27 anos. Igualmente tocante é a homenagem a Leonard Nimoy – e à tripulação original, como um todo – em determinada cena do filme.


por D.G.Ducci

Um comentário:

  1. Daniel, gostei demais, sei la se é por causa da simples falta de Star Trek, ou da inspiração que ela me dá. Só ver a tripulação aspirar novas aventuras já me emociona, sem dúvida esse universo onde o que importa é explorar o desconhecido me fascina, como gostaria que a humanidade se encantasse mais com esse pioneirismo que Star Trek enseja. A aventura humana está apenas começando, audaciosamente... Rs

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