PORTA DOS FUNDOS: CONTRATO VITALÍCIO



Gênero: Comédia
Direção: Ian SBF
Roteiro:bio Porchat, Gabriel Esteves
Elenco: Alexandre Ottoni, Anitta, Antonio Tabet, Fábio Porchat, Gregório Duvivier, João Vicente de Castro, Júlia Rabello, Luis Lobianco, Marcos Veras, Marília Gabriela, Naldo Benny, Nelson Rubens, Rafael Portugal, Sérgio Mallandro, Thati Lopes, Totoro, Xuxa Meneghel
Produção: Tereza Gonzalez
Fotografia: Gui Machado
Montador: Bernardo Pimenta
Trilha Sonora: Fabiano Krieger, Lucas Marcier
Duração: 106 min.
Ano: 2016
País: Brasil
Cor: Colorido
Estreia: 30/06/2016 (Brasil)
Distribuidora: Downtown Filmes / Paris Filmes
Estúdio: Paramount Pictures / Porta dos Fundos / Telecine Productions
Classificação: 14 anos

Sinopse: 
O diretor Miguel e o ator Rodrigo ganham a palma de ouro no Festival de Cannes, e durante a festa de comemoração assinam um contrato vitalício que, para qualquer filme de Miguel, o ator Rodrigo estará no elenco. Logo após a festa, Miguel desaparece misteriosamente. 10 anos depois Miguel retorna e com isto Rodrigo se vê obrigado a participar do próximo filme do diretor, sobre a estapafúrdia estória de seu desaparecimento



Nota do Razão de Aspecto:

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Eu gosto do canal do Youtube “Porta dos Fundos”. Há três anos, eu amava o canal e via como uma grande renovação no humor brasileiro. Eram vídeos satíricos inteligentes, modernos, que não temiam abordar assuntos polêmicos, e extremamente engraçados.

Hoje, três anos e centenas de vídeos depois, o canal continua sendo uma boa fonte de humor inteligente, crítico e principalmente engraçado e dinâmico, apesar de estar-se tornando um tanto repetitivo e não conseguir se reinventar para continuar moderno. De qualquer forma, bons atores, boas sátiras e sobretudo uma coragem de abordar temas polêmicos ainda faz do “Porta dos fundos” uma das boas fontes de humor audiovisual brasileiro.


Mas a transposição de vídeos de 2 a 3 minutos para um longa metragem não é simples. Um vídeo de 2 minutos é o tempo de uma piada, de um miniconto, no qual personagens podem ser unidimensionais, onde a trama tem de ser direta e simples, e onde o riso, quando obtido, é sinal de uma boa comédia. Mas, quando partimos para um filme de quase duas horas, uma comédia precisa ser mais que apenas uma sequência de piadas e estereótipos. É preciso que os personagens envolvam e evoluam, que exista alguma trama, que uma história seja contada. Muitas vezes um longa-metragem de comédia pode levar a algumas boas risadas e ,mesmo assim, ser uma comédia de má qualidade, por falta de elementos narrativos, de envolvimento do público, de ritmo narrativo. Um dos pontos principais de qualquer tentativa de humor é o timing, e a transposição de 2 minutos para 2 horas está longe de ser simples.



"Porta dos Fundos - Contrato Vitalício” é a demonstração destas dificuldades. O filme se propõe uma sátira da superficialidade e banalidade da mídia brasileira, mas tudo o que ele consegue é ser banal, superficial, e quase divertido em poucos momentos. Temos uma miríade de personagens absolutamente planos e irreais, uma trama lenta, pouco envolvente e previsível, e um amontoado de piadas, algumas boas, repetidas e exauridas.

Estranhamente, o humor do filme, diverso do humor do canal do Youtube, é raso, comum, e muitas vezes preconceituoso, estereotipado, antiquado, apelativo, e, sobretudo, covarde. Temos reforços de todos os tipos de estereótipos, entre eles o diretor de cinema louco, intelectualóide e raso, o ator de cinema de personalidade e carente, a youtuber vaidosa e fútil, o viciado em redes sociais e celulares sem trato social, o homossexual feio e repulsivo, o pobre burro e violento, etc, etc. Inclusive uma gritante ausência de qualquer personagem feminino capaz de causar qualquer impacto. Estranhamente, um “Porta dos Fundos” que costuma a ser crítico e ácido se torna um humor apelativo e oco, inteligente como tentar fazer rir jogando jatos de merda em pessoas ou termos asco de dois homens se beijando.

Mas o principal problema é o descaso com qualquer coisa que se assemelhe a um roteiro. O filme se preocupa em dar espaço para cada ator envolvido no canal, e algumas pontas de celebridades, mas fracassa em simplesmente construir qualquer narrativa com sentido.  Um bom stand up de comédia costuma a ter mais linha narrativa que este filme, que mais se assemelha a uma colagem mal feita de várias gags repetidas. 

Quando a comédia mal consegue ser um filme, e o melhor momento é uma breve aparição do Sérgio Malandro interpretando ele mesmo, a coisa é grave. Sugiro a todos gastarem 106 minutos de suas vidas assistindo 53 vídeos do canal do Youtube. As piadas serão melhores, mais inteligentes, mais engraçadas, e a falta de narrativa e ritmo será similar.

Por Aniello Greco

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