O ESCARAVELHO DO DIABO



Gênero: Suspense
Direção: Carlos Milani
Roteiro: Melanie Dimantas, Ronaldo Santos
Elenco: Augusto Madeira, Celso Frateschi, Jonas Bloch, Lourenço Mutarelli, Marcos Caruso, Selma Egrei, Thiago Rosseti
Produção: Sara Silveira
Fotografia: Pedro Farkas
Ano: 2015
País: Brasil
Cor: Colorido
Estreia: 14/04/2016 (Brasil)
Distribuidora: Downtown Filmes / Paris Filmes
Estúdio: Dezenove Som e Imagem / Globo Filmes


Sinopse: Uma série de crimes contra pessoas ruivas assusta o pequeno Vale das Flores. Após a morte do irmão Foguinho, o garoto Alberto resolve investigar o que está acontecendo e para isso vai contar com a ajuda do experiente delegado Pimentel.




Nota do Razão de Aspecto:





Acredito que muitos brasileiros com mais de 30 anos devem ter lido o livro “O escaravelho do diabo”, de Lúcia Machado de Almeida, editado algumas dezenas de vezes na Coleção Vaga-lume. O livro sem dúvida é um clássico da literatura infanto-juvenil brasileira, e não há como não ficar animado com a ideia de revitalizarem este clássico com uma adapatação para o cinema.



O filme toma algumas liberdades e diverge do livro em alguns poucos aspectos, mas se manteve razoavelmente fiel à trama central. Trata-se de uma história de assassino serial, que está atacando ruivos em uma cidade do interior, e, antes de matar a vítima, envia a ela um escaravelho. Cada vítima recebe um escaravelho de uma espécie específica, escolhida de forma a indicar a forma como o assassinato ocorrerá.

Temos como protagonista o irmão da primeira vítima, Alberto (interpretado pelo estreante Thiago Rosseti), uma criança de aproximadamente 12 anos (no livro era um jovem estudante de medicina), que, juntamente com o delegado Pimentel (Marcus Caruso, de Memórias Póstumas de Brás Cubas), tenta descobrir quem é o assassino. Além de vingar a morte de seu irmão, Alberto tem como motivação proteger Raquel (Bruna Cavalieri, também estreante), sua amiga de escola, paixão juvenil, e ruiva.




O ponto forte do filme é o roteiro de Melanie Dimantas e Ronaldo Santos. A história original é tensa e complexa, e o roteiro mantém os pontos fortes da história, ao mesmo tempo em que atualiza a trama com a inserção da tecnologia no cotidiano dos personagens. A escolha de fazer de Alberto e Raquel crianças e não jovens adultos, com certeza, foi para aumentar o apelo com o público juvenil. Me agrada ver o cinema nacional ousando fazer uma história de assassino serial para o público juvenil.

Mas isto é tudo o que o filme tem de bom. A direção do filme deixa a desejar do início ao fim (em especial nas cenas do início e do fim, eu diria). Carlo Milani estreia como diretor no cinema e sua larga experiência em novelas parece ter mais atrapalhado que ajudado. O filme parece ter sido filmado no Projac, devido sua estética pasteurizada, os cenários preguiçosos e impessoais, a despreocupação com a entrada e saída dos personagens de cena, a falta de uma linguagem de câmera e a artificialidade dos efeitos especiais e da trilha sonora.





O elenco como um todo está bem fraco. Os diálogos parecem forçados e tão bem pausados e pronunciados que se percebe que são textos decorados o tempo todo. Exceto Marcos Caruso, que faz um bom trabalho como Delegado Pimentel, gerando os poucos momentos de humor e drama de qualidade, mas não o suficiente para salvar o filme. Jonas Bloch, outro ator global experiente, poderia ter contribuído mais ao filme, se seu personagem não fosse tão pequeno. No resto, nenhum ator faz um trabalho sequer mediano, o que sugere uma direção de atores entre ruim e inexistente.


O ponto mais fraco de todos é como o assassino serial é retratado. Totalmente caricato em voz, texto, e imagem. São tantos lugares comuns que mesmo crianças de 12 anos irão se incomodar.

E vale comentar que, para um filme com público alvo juvenil, algumas das cenas de assassinato talvez tenham passado do ponto em termos de violência visual. Mas isto não será o suficiente para agradar um público mais adulto, pois a falta de carisma de todos os personagens, em especial do assassino serial, impede a criação de qualquer clima de suspense ou tensão. Não conseguimos ter medo do vilão, nem raiva de outros culpados, nem torcemos pelo protagonista. Não dá sequer para se importar com o destino das vítimas.

A ideia de filmar os clássicos da Coleção Vaga-lume é muito atraente, mas esta primeira tentativa fracassou. Uma pena, pois o roteiro poderia, sim, gerar talvez não um grande filme, mas, pelo menos, um bom filme juvenil de suspense.



por Aniello Greco 

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