13 HORAS: OS SOLDADOS SECRETOS DE BENGHAZI



Gênero: Ação
Direção: Michael Bay
Roteiro: Chuck Hogan, Mitchell Zuckoff
Elenco: Alexia Barlier, Andrei Claude, Andrew Arrabito, Christopher Dingli, David Costabile, David Denman, David Furr, David Giuntoli, Davide Tucci, Demetrius Grosse, Dominic Fumusa, Elektra Anastasi, Freddie Stroma, Frida Cauchi, Ivy George, James Badge Dale, Joe Azzopardi, John Krasinski, Joost Janssen, Julia Butters, Kenny Sheard, Kerim Troeller, Kevin Kent, Liisa Evastina, Manuel Cauchi, Matt Letscher, Max Martini, Pablo Schreiber, Peyman Moaadi, Saif Braik, Shane Rowe, Toby Stephens, Wrenn Schmidt
Produção: Erwin Stoff, Michael Bay
Fotografia: Dion Beebe
Montador: Calvin Wimmer, Pietro Scalia
Trilha Sonora: Lorne Balfe
Duração: 144 min.
Ano: 2016
País: Estados Unidos
Cor: Colorido
Estreia: 18/02/2016 (Brasil)
Distribuidora: Paramount Pictures Brasil
Estúdio: 3 Arts Entertainment / Dune Films / Latina Pictures / Paramount Pictures
Classificação: 14 anos

Sinopse: O longa recria o ataque terrorista que vitimou o embaixador dos Estados Unidos na Líbia em setembro de 2012, contado sob o ponto de vista de um oficial do grupo de elite da Marinha dos Estados Unidos.



Nota do Razão de Aspecto:

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Baseado na invasão ao complexo diplomático estadunidense em Benghazi, na Líbia, em 2012, 13 Horas busca retratar a jornada de seis ex-militares de diversas forças que são responsáveis pela segurança do Embaixador e do complexo da CIA naquela cidade. Durante o ataque, os seis heróis devem garantir a segurança das pessoas dentro do complexo, ao enfrentarem grupos paramilitares ainda desconhecidos naquele período, sem saber exatamente qual a origem do perigo iminente.

Em tese, apesar dos inevitáveis ufanismos, temos a fórmula de umabom filme de ação, caso o filme fosse dirigido por alguém talentoso como Clint Eastwood. Infelizmente, o filme é dirigido por Michael Bay, para quem dei crédito antes de a projeção começar, mas que não fez mais nada do que confirmar sua total mediocridade como diretor.

13 Horas falha em praticamente todos os quesitos. 


O roteiro é péssimo, com diálogos expositivos e toscos - e diálogos expositivos não precisam ser necessariamente toscos -, é confuso - o espectador não consegue entender a passagem do tempo, o que se torna ainda pior pelo fato de o filme indicar a hora de cada acontecimento -, os personagens são unidimensionais e mal desenvolvidos, com base em esteriótipos, e não em arquétipos. Já que o vilão é representado pelos grupos paramilitares, não há como personificá-lo. Assim, o papel de obstáculo à jornada dos seis heróis é exercido pelo chefe do complexo da CIA, retratado como uma versão envelhecida de um adolescente mimado e teimoso, que pouco se preocupa com nada além da sua vontade. Além disso, todos os funcionários do Departamento de Estado são retratados como amadores e/ou ingênuos idiotas, que não entendem nada do que está se passando - motivo para que eu fique desgostoso, considerando minha profissão.

Para cada tentativa de 13 Horas, é possível lembrar de pelo menos um filme muito melhor - prova de que o gênero e o tema não definem a ruindade da produção. No desenvolvimento da tensão pré-invasão do complexo diplomático, o filme não faz cócegas em Argo ou mesmo no episódio decisivo da quarta temporada de Homeland. As cenas de ação são pessimamente dirigidas, sempre com o uso da típica câmera tremida dos filmes de Michael Bay, que confunde o espectador e dificulta o entendimento da ação. Para percebermos a diferença, basta pensarmos em Mad Max: Estrada da Fúria. Na discussão de um tema ufanista e na forma de retratar o heroísmo de personagem(ns) militar(es), 13 horas é uma obra infantil na comparação com Sniper Americano. Na fotografia das cenas noturnas, o filme, apesar de bem executado, não passa nem perto de Sicário. A trilha sonora é excessiva e incômoda, ao elevar a tensão mesmo em momentos supostamente tranquilos - a intenção e causar a sensação de perigo permanente, mas o resultado é o de não estabelecer diferença real entre o perigo teórico e o perigo real. 

As atuações são fracas, e não teria como ser diferente, considerando a total falta de material para que os atores pudessem desenvolver melhor o seu trabalho. Há excesso de personagens, o que pode refletir os fatos reais, mas prejudica o desenvolvimento da narrativa cinematográfica, resultando em um filme mais longo do que deveria ser, mas que, ainda assim, falha em nos fazer criar empatia. O protagonista Jack Silva, interpretado por John Krasinski ( que não sei o que estava fazendo neste filme, valha-me Deus!), é um personagem fraco, cujos dilemas são estabelecidos por coincidências de fatos completamente artificiais. O alívio cômico nunca funciona, em nenhuma cena, nenhuma vez.


Para não encerrar injustamente, 13 horas é um filme visualmente bonito, ainda que prejudicado pelo fato de o maior plano do filme durar, no máximo, dez segundos, e com boas direção de arte e reconstrução de cenário. Em termos narrativos, o único êxito é conseguir refletir a confusão dos soldados, que não conseguiam identificar quem eram os inimigos e quem eram os aliados - o problema é definir se este é um êxito real ou apenas um efeito colateral positivo inesperado da falta de qualidade do roteiro.

Como resultado, 13 Horas é tão prazeroso quanto uma cirurgia de extração de um furúnculo inflamado cuja anestesia não fez efeito, e a nossa alegria é resultado do alívio de descobrir que acabou, apesar de ter durado mais do que deveria.

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