STAR WARS - EPISÓDIO VII: O DESPERTAR DA FORÇA


Gênero: Ficção Científica/Fantasia
Direção: J.J. Abrams
Roteiro: J.J. Abrams, Lawrence Kasdan, Michael Arndt
Elenco: Harrison Ford, Daisy Ridley, John Boyega, Oscar Isaac, Adam Driver, Peter Mayhew, Carrie Fisher, Anthony Daniels, Domhnall Gleeson, Gwendoline Christie, Kenny Baker, Lupita Nyong’o, Simon Pegg, Mark Hamill
Produção: Bryan Burk, J.J. Abrams, Kathleen Kennedy
Fotografia: Daniel Mindel
Montador: Mary Jo Markey, Maryann Brandon
Trilha Sonora: John Williams
Duração: 136 min.
Ano: 2015
País: Estados Unidos
Cor: Colorido
Estreia: 17/12/2015 (Brasil)
Distribuidora: Disney
Estúdio: Bad Robot / Lucasfilm Ltd
Classificação: 12 anos

NOTA DO RAZÃO DE ASPECTO:



E enfim chegou o dia de ver Star Wars – Episódio VII: O despertar da Força. Como comentamos no nosso vídeo com as expectativas sobre o filme, há que se deixar o hype de lado, separar o fã do crítico e comentar a produção mais esperada do ano.

Não é segredo para ninguém que J.J.Abrams tinha um desafio enorme ao assumir a retomada de mais uma franquia (depois de fazê-lo com sucesso em Missão Impossível e Star Trek).  Só que dessa vez a montanha era mais alta: o nível de paixão dos fãs de SW talvez só se compare ao nível de decepção gerado pela trilogia prequel chinfrim escrita e dirigida por George Lucas entre 1999 e 2005. Era como se o próprio criador tivesse estragado a criatura, tão cheia de potencial, e se, por um lado, foi impossível conter a euforia sobre o anúncio da continuação da saga (e com o mesmo elenco fazendo parte!), por outro ficava a dúvida se seria possível resgatar o encanto dos primeiros filmes.

Os trailers traziam ares de boa nova, e a boa notícia é que Abrams conseguiu novamente: a sensação de estarmos na mesma galáxia, com a mesma estética e o mesmo entusiasmo é muito maior do que nas prequels, e com a vantagem de termos mais tecnologia (e usada de forma inteligente) para os efeitos e uma atualização de linguagem cinematográfica. A opção pela parcimônia com os efeitos digitais trouxe uma materialidade verossímil ao filme. As naves, os inimigos, as construções, na quase totalidade do filme, são palpáveis. Além disso, os cortes de câmera, as sequências de perseguição e de combate aéreo e terrestre, são todas feitas com agilidade, boas ideias e zelo. Créditos para a montagem de Maryann Brandon e Mary Jo Markey, parceiras de Abram nos dois filmes da franquia Star Trek por ele dirigido, bem como em Super 8.

Somadas a essas boas opções estéticas, a escolha do elenco e as interpretações por ele entregues são irretocáveis: Daisy Ridley interpreta Rey, uma sucateira que mora no desértico planeta Jakku (oh, me…), e acaba envolvida na perseguição por parte da Primeira Ordem (o que restou do Império Galático da trilogia original) a Finn, um stormtrooper desertor (John Boyega), e a um dróide, BB-8, que rouba os corações dos espectadores instantaneamente. Na nova geração de herois, temos ainda Poe Dameron (Oscar Isaac), o piloto mais f… da galáxia, contados todos os filmes.

A Primeira Ordem responde ao Líder Supremo Snoke (Andy Serkis, com movimentos capturados para os efeitos) e tem como as duas figuras principais Kylo Ren (Adam Driver), líder dos Cavaleiros de Ren, e o líder militar, General Hux (Domhnall Gleeson – surpreendente ver um general tão jovem… deve ter uma história de vida interessante). Repete-se entre esses dois a tensão Tarkin-Vader do episódio IV, desta vez ainda mais explícita. A Capitã Phasma (Gwendoline Christie), aparentemente a comandante de campo dos stormtroopers, é muito menos importante e imponente do que os trailers possam ter vendido.

E, é claro, estão de volta personagens clássicos como o Han Solo de Harrison Ford (que tem grande participação no filme), a Leia Organa de Carrie Fisher (agora com novo cargo) e os queridos Chewbacca (Peter Mayhew), C-3PO (Anthony Daniels) e R2D2 (Kenny Baker, creditado como “consultor” do dróide). Sim, Luke Skywalker (Mark Hamill) está no filme, mas sobre ele nada direi.

Completam o elenco mais relevante nomes de peso, como Max von Sydow, Lupita Nyong’o e Simon Pegg (estes dois últimos irreconhecíveis por traz dos efeitos que criam o visual de seus personagens, Maz Kanata e Unkar Plutt). Todos três estão de posse de objetos muito importantes para a trama.

É gratificante saber que, em meio a tantos nomes fortes no elenco e a personagens queridos por décadas pelos fãs, a dupla principal Rey e Finn, junto a BB8 e Poe Dameron, carregam tranquilamente o filme sem ficarem à sombra dos personagens já conhecidos. Todos transbordam carisma e segurança na interpretação, fazendo com que nos importemos verdadeiramente com seus destinos – ao contrário das interpretações gélidas das prequels. A nova geração não depende e não dependerá da antiga para dar continuidade à  saga.

E é impossível falar das atuações sem mencionar Adam Driver. Se os trailers puderam passar a ideia de que Kylo Ren é um mero fanboy de Darth Vader, o filme mostra um personagem com muitas camadas, e não seria arriscado afirmar que um dos arcos mais importantes da nova trilogia será sobre suas obsessoes e dramas pessoais. E, acreditem, ele se torna ainda mais assustador sem a máscara, dada a qualidade da interpretação de Driver.

Mas o filme, lamento desagradar aos fãs, não é de todo perfeito. Uma das decepções diz respeito ao visual do Líder Supremo Snoke. O design do visual não é criativo, e, pior, os efeitos para compô-lo destoam do resto do filme: as cenas em que ele aparece são as únicas em fica aquela sensação de “pô, CGI”. Outra decepção, ao menos para mim, é a ausência de um tema espetacular na trilha de John Williams. Claro, os temas antigos, como o tema da Força ou o belíssimo tema de Han e Leia, estão lá, e a trilha como um todo é muito competente. Mas não há algo novo que faça arrepiar, algo que Williams conseguiu compor mesmo na trilogia das prequels (Duel of the fates e Across the stars são dois que me vêm à cabeça no momento).

Por fim, o motivo que me faz tirar meia estrela na nota do filme: o roteiro requentado. Embora seja empolgante em termos de cenas de ação, praticamente perfeito em termos de ritmo e preciso nos momentos de humor e emoção, não há como negar que passam um pouquinho do ponto as referências a pelo menos dois outros filmes da série (A new hope e Return of the Jedi). Não há como discutir sobre isso sem revelar spoilers, portanto não o farei aqui (mas, aproveitando a deixa dos trailers,  Lawrence Kasdan requentar a Estrela da Morte no RotJ já foi meio preguiçoso… fazer isso uma segunda vez é ainda mais…). Mas, se o filme tem sido colocado como o melhor ou um dos dois melhores da série (junto com Empire strikes back), é porque ele é quase um ANH mais bem feito, um ANH para as novas gerações.

De toda forma, a base criada (ahá!) para os novos filmes é excelente. Existem tramas a serem exploradas, uma galaxia (ahá!) de espaço para o desenvolvimento dos novos personagens e uma vontade de quero mais.


A Força despertou, e que ela esteja conosco por muitos anos (dona Disney garantirá que sim…)

2 comentários:

  1. Daniel, acabei de ver o filme e só agora me permiti ler a sua crítica! Parabéns pela crítica (quase) isenta, "spoiler free" é muito bem escrita! Assistirei outras vezes. Quantas puder. Só isso direi! Um abraço!

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  2. Obrigado pelo comentário, Andrea! Grande abraço e feliz 2016.

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