GAROTA EXEMPLAR

 
Gênero: Suspense
Direção: David Fincher
Roteiro: Gillian Flynn
Elenco: Ben Affleck, Boyd Holbrook, Carrie Coon, Casey Wilson, Emily Ratajkowski, Kim Dickens, Lee Norris, Missi Pyle, Neil Patrick Harris, Patrick Fugit, Rosamund Pike, Scoot McNairy, Sela Ward, Tyler Perry
Produção: Arnon Milchan, Ceán Chaffin, Joshua Donen, Reese Witherspoon
Fotografia: Jeff Cronenweth
Montador: Kirk Baxter
Trilha Sonora: Atticus Ross, Trent Reznor
Duração: 145 min.
Ano: 2014
País: Estados Unidos
Cor: Colorido
Estreia: 02/10/2014 (Brasil)
Distribuidora: Fox Film
Estúdio: New Regency Pictures / Pacific Standard / Regency Enterprises

Sinopse: Quando Amy Dunne desaparece no dia do seu aniversário de casamento, o marido Nick se torna o principal suspeito . Com o apoio da sua irmã gêmea, Margo, Nick tenta provar a sua inocência.




Nota do razão de Aspecto:


Está cada vez mais difícil encontrar bons filmes de suspense produzidos em Hollywood. Para um aficionado por este gênero como eu, a maioria dos lançamentos hollywoodianos resultam em frustração. As fórmulas esquemáticas, a repetição de clichês mal colocados, os roteiros simplistas e o didatismo da solução das tramas não recomendam a maioria das produções do gênero. Bons tempos eram aqueles em que os grandes diretores do cinema de suspense em Hollywood eram do nível de Hitchcock  e Brian de Palma! Felizmente, de tempos em tempos são lançadas algumas produções  de altíssimo nível, como Os Suspeitos, em 2013, e Garota Exemplar, em 2014.

Garota Exemplar é um sopro de ar puro e fresco no cinema do gênero. A simplicidade da premissa da trama não resultou no simplismo de sua execução, ao evitar todo e qualquer tipo de clichê. A ousadia da estrutura da narrativa leva o espectador a uma experiência singular, sem que resulte em frustração ou em "enganação", como é tão comum ocorrer nos filmes de Shyamalan.

Garota Exemplar alterna a narrativa entre o presente, durante a investigação do desaparecimento de Amy (Rosamund Pike), e o passado, por meio da leitura de seu diário, de forma a construir (ou a desconstruir) a personalidade de cada um dos personagens, especialmente a de seu marido Nick (Ben Affleck) . Esse recurso torna-se muito útil para a narrativa, porque serve única e exclusivamente ao desenvolvimento da trama, sem subestimar a inteligência do espectador em nenhum momento.

As atuações de Ben Affleck e, principalmente, de Rosamund Pike são dignas de indicação e de premiação em todos os festivais e prêmios de cinema possíveis e imagináveis. Sem dúvidas, constituem o ponto alto do filme, por levarem até as últimas consequências as contradições, as dúvidas, as hesitações, os desejos, as mentiras e as fraquezas do casal. Sentimo-nos envolvidos e curiosos, intrigados e identificados, alegres e tristes com o destino do casal em crise.

Seria Nick culpado pelo desaparecimento da esposa? Esta pergunta persegue o espectador ao longo de todo o filme, mas, ao mesmo tempo, não resume aquilo que a trama discute e os questionamentos que inspira aos espectadores. Sim, tentamos responder a essa pergunta ao longo de toda a projeção, porém, também nos questionamos a respeito do papel da mídia no assassinato ou na construção de reputações, o significado do casamento, a hipocrisia das relações interpessoais, as máscaras sociais, o rancor, o desejo de vingança. Se confiados a um diretor comum, todos esses temas resultariam em trama confusa e ininteligível, mas a direção de David Fincher quase alcança a perfeição, ao encontrar a medida certa de ousadia que possibilitou desenvolver uma obra complexa, inovadora e, ao mesmo tempo, comercialmente viável, assentada sobre um roteiro muito bem elaborado e adaptado por Gillian Flynn, autora do livro em que o filme se baseia.

Ao longo da projeção de Garota Exemplar, diversas vezes pensamos ter encontrado a solução para o enigma do crime, mas sempre descobrimos não termos feito a pergunta certa. Ao entrarmos no mundo de Garota Exemplar, devemos estar preparados para nos surpreender, para não esperarmos respostas óbvias e, principalmente, para percebermos no último minuto que, quando o assunto é casamento, amor e morte, a melhor descrição de tudo que pensamos conhecer é: "sabe de nada, inocente".









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